quarta-feira, 27 de agosto de 2008

28

Aquele "28" ali do lado do meu nome me assusta. Não me sinto 28. Nunca quis ter 28, nem pensava no que significaria o 28 pra mim. Agora talvez eu tenha percebido que o 28 é resultado de um processo que começou ainda pelos meados do 27. Olha quanta coisa aconteceu nesses últimos meses. Hoje eu sou agente de trânsito, kkkkkk. Hoje eu sou tanta coisa (e a minha lista de "coisas a se fazer aos 27 anos" só deve ter uns dois itens riscados). Acho que tudo isso faz parte do caminho que todos nós passamos, de Eduardo a Mônica. Até ontem eu tava no esquema escolar, cinema, clube, televisão (substituindo o clube pela internet, que estaria nessa lista se o Renato Russo tivesse chegado a ver o fenômeno que é o Orkut e o MSN). E hoje eu gosto de Bandeira, de Bauhaus, Van Gogh, Mutantes, Caetano e Rimbaud. Ou tudo isso aí ao mesmo tempo. Ou nada disso aí em tempo nenhum. Ou fora do tempo, sei lá.

Definir-se é missão difícil, já que todo ser humano não passa de um bocado de momentos. Definir-se é limitar-se. Definir-se é não se permitir cometer contradições e "clicherizar". Quem aí não "clicheriza", hem? Definir-se é colocar pontos finais e pôr vírgulas entre sujeito e predicado.

28 anos e eu ainda sou a mesma (será?). Ainda gosto demais (e ainda mais) de música velha. Alguém falou que "o homem que não sabe o que aconteceu antes dele nascer será pra sempre uma criança". Ainda gosto de história e de filosofia. Ainda gosto de cantar alto, com um fone de ouvido. Ainda quero ler tantos livros... tantos... Ainda quero devorar tanta arte até que eu tenha em mim tantos quantos foram os séculos iluminados. (Ouvir música ainda me faz chorar, mais do que qualquer outra coisa no planeta.) Falta tanto ainda. Falta estabilidade financeira, falta o carro pra dirigir, falta a casa própria, falta coragem pra ir lá e dizer o que deve ser dito, falta um "você" pra completar o "nós". Falta sentido.
Me recuso a ser definida. E ainda menos definitiva. Quero só ter o prazer de mudar o meu jeito de pensar e de continuar sendo contraditória. Quero ter 28 personalidades, passar 28 dias num navio e 28 noites na prisão.

Quero ainda encontrar um sentido para a vida antes que o texto acabe. E, por Deus do céu, encontrar um sentido pra esse texto antes que a vida acabe.
Acho que eu tenho 28 anos agora. Me dá mais 28 anos pra me acostumar, ok?